Prefácio Editora
Quando em 2003 adentrei pela primeira vez o gabinete do Exmo. Sr. Michael Ardui, naquela época cônsul da Bélgica em São Paulo, levado por meu amigo Bernard Jeger para discutirmos um projeto de livro, me deparei não apenas com aquele senso de responsabilidade da posição consular, mas particularmente com uma grande sensibilidade e acuidade artística.
Por um longo tempo o Sr. Ardui discorreu a respeito de Benjamin Mary, até então desconhecido para mim, e a respeito da idéia e das dificuldades enfrentadas anteriormente para organizar os trabalhos de Mary de forma a passar a grandiosidade de sua obra.
Mary já havia sido apresentado com muita propriedade por Gilberto Ferrez em 1974.
Mas diante da grande dificuldade de reedição do livro de Ferrez, e diante dos atuais avanços tecnológicos de captura e reprodução de imagens, brilhava nos olhos de Michael o desejo de ver Mary redescoberto como o diplomata e artista que buscava, por caminhos distintos a aproximação entre o Brasil e a Bélgica.
A esse esforço se agregaram o conteúdo histórico inesgotável do professor belga Eddy Stols, e o grande conhecimento da iconografia brasileira de Carlos Martins e Valéria Piccoli.
Longe de ter a pretensão de abranger a totalidade de sua obra, este livro representa um mergulho na documentação iconográfica produzida por Benjamin Mary que pela primeira vez é apresentado em sua diversidade artística e diplomática.
Ao mesmo tempo, esse registro cuidadoso da flora brasileira, nos remete a uma confrontação com a realidade da preservação ambiental.
Da proposta ao conteúdo, este livro é uma busca de similaridades e pontos em comum, em uma colaboração de especialistas brasileiros e belgas, numa espécie de continuidade dos esforços de Mary.
E com esse espírito de cooperação mútua, arrojo, percepção e confiança se uniram os esforços da Solvay do Brasil para concretizar o projeto Benjamin Mary.
Outras colaborações se uniram, como a de Miguel Chaves, mestre das artes fotográficas que tive a oportunidade de conhecer no Projeto Portinari, e cabe aqui o meu agradecimento pessoal, que com sua inestimável participação e apoio, tornou possível atingir a qualidade merecida para este livro. Meus agradecimentos também a Victor Burton que, acima das dificuldades encontradas, engrandeceu o projeto através de sua reconhecida qualidade artística e gráfica, e a Ipsis Gráfica e Editora que em um esforço coordenado possibilitou a materialização desse sonho.
Quero registrar o meu prazer e orgulho de ter conhecido essas pessoas e trabalhado com esses profissionais.
Aqui está, um livro de arte ricamente ilustrado com documentos originais e imagens de obras nunca publicadas, contextualizado por fatos e acontecimentos do rico período imperial, e pelas amplas relações comerciais e culturais entre Brasil e Bélgica.
Uma espécie de pas de deux de mexilhões com caipirinha
Daniel de Freitas Costa
Editor